sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mundo



Tendo pesadelos, na escuridão insana da noite.
Nas passagens estreitas e umidecidas das vielas,
Correndo nos guetos de um inimigo sem fim, pelas favelas.
Sem parar, suspirando, sem respirar.
Sem tempo pra olhar, correr com os olhos fechados porque o medo fica fora de mim
Não vejo a minha face, mas ela deve estar congelada pelo meu medo que a tomou,
Devo continuar correndo, mesmo achando que estou paralisado há milênios.
Reclusão nos calabouços do ódio,
Escravizado pelo veneno do homem,
Aquele que produz drogas e bombas,
Dor com um pacote entregue pela janela, bomba de neutros,
Entregada nos lares, as crianças brincavam na rua,
O leiteiro trabalhava tranquilamente,
O cachorro latia, o jogador saia pra treinar,
As crianças para o colégio, a dona de casa limpava seu trabalho, seu lar.
E a vida parou.
A bomba caiu.


Depois do estrondo um silencio esmagador, opressor.
Fui congelado e escravizado,
Pelo medo de ser eu mesmo, de ser homem.
O que eu posso fazer pelo igual a mim?
A vida parou, a bomba caiu, quem sobreviveu quer morrer,
Quem morreu não se conhece mais,
E Deus onde estava?
Olhando para a humanidade que criou, sendo sensato.
Deve ser difícil ser Deus, seus filhos caíram sem honra,
Eu só queria voltar, a saber, sorrir, meu rosto está congelado, meus olhos estão fechados, tenho vergonha de abri-los.
Eu não quero contemplar a luz, me pergunto se Deus existe.
Mas Ele não me quer, ele está ocupado olhando para o Obama e para o Osama,
Para a Dilma e para o Serra.
Para as serras que cortam o planeta,
Dividem no meio, os sonhos, as tribos indígenas, os animais.
A água, a vida.
Eu não quero mais abrir meus olhos, tento me mexer, mas não posso,
Tento chorar mais não consigo, não tenho coração. (Heartless)
Quero fugir para aquele mundo que o soldado samurai foi,
Mas lá não tem espaço pra mim, só os vencedores pisam la,
Eu sou o mundo, o mundo vai acabar com o mundo e ficar sem mundo,
Pra viver, sequer pra morrer, sem poder correr, estou paralisado.
Acabou o encanto, acabaram as flores, o inverno chegou, morreram as plantas.
Morreu o mar, morreu o ato de amar, ficaram as palavras, as vazias,
As de mentira, como as flores de plástico, o dinheiro não vale mais nada,
Sem mundo, pra que dinheiro? Pra que vitória se não tenho honra.
Honra ao mérito no peito do atleta, que não pode correr, está paralisado.
Por si mesmo, não quer mais correr, não quer mais lutar.
Nós nunca caminhamos sozinhos, nos escravizamos porque escolhemos,
Esquecemos de Deus e por isso morremos.
O mundo acabou.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Aurora Boreal



Em busca de algo perdido eu sai à procura
Vagando incansavelmente pelas ruas

Poxa o elo se perdeu, sabem?

Aquela coisa que faz você ver sentido nas coisas, claro que vocês sabem.
Na vida, o firmamento do seu mundo.
O seu chão, a claridade da sua luz.
Na natureza, o belo da beleza.
A lucidez, a sensatez de saber esperar a sua vez.

Poxa o elo se perdeu, sabem?

Cansei.
Não, não cansei...
... Mas sem o elo, onde está o sentido?
Ludibriado pela busca eu fui à procura
Ahhh... Que loucura.
Estou surpreso como esse mundo fora de mim é imenso,
Eu que achava que ficaria sempre mais seguro perdido em mim mesmo,
Que a suficiência das minhas coisas poderiam me moldar, eu mesmo.

Poxa o elo se perdeu, sabem?

Quando eu morava dentro de mim
Fugindo dos perigos do mundo
Ele que fazia a minha alegria
Era uma ligação,
Entre mim, meu ser e meu Pai.
Meu pai ficou lá dentro de mim,

I tried
My life is changed
In cold outside
I trying
Found me again.

A beleza aqui de fora é inigualável
Fria e linda como a aurora boreal
(Saudades da minha bisavó Aurora)
E eu com meus pensamentos pequenos,
Achava que dentro de mim só, seria suficiente pra vida.
Mas que vida,
Precisei aprender a ser só, pra me fortalecer só,
Mas não quero viver só pra sempre.

Poxa o elo se perdeu, sabem?

E aqui fora está frio, menos que dentro de mim
Quando aquela triste e gelada lágrima escorreu pela minha face.

Ohh Jah, oohh Jah.

Ahhh Senhor, pedir a Deus outra vez a razão.
Não vou ficar imóvel irmão
(Saudades do Sabotage)

Poxa o elo se perdeu, sabem?


Com ele perdi o chão e algum sonho qualquer
Sem tanta importância,
Aquelas prioridades aqui fora estão cada vez menores
Ahhh o mundo,
Príncipe vagabundo,
Vaga no lado de fora de si mesmo.
Nem sabe mais pelo que procura,
A beleza da aurora boreal é estonteante.

Poxa o elo se perdeu, sabem?

Parei pra pensar se ele é assim tão importante.
Já tenho certeza que é menos belo que o dom da vida.
Meu Deus me disse pra descansar aqui fora,
Tempestades dão medo, mas nunca permanecem.
Sempre vem a bonança.
Então o elo que se perdeu talvez nunca seja encontrado,
Talvez ele tenha fugido para o meu próprio bem.

Poxa o elo se perdeu, sabem?

Mas a aurora boreal é fria e linda.
Como aquele sorriso que eu ainda não conheço.