quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Mundo em Guerra Parte 3 - Rumores



Cheguei em casa meio tarde naquele dia, meus pais estavam sentados com as faces péssimas, ouviam as notícias pelo rádio, que dizia:

“O mundo irmãos Americanos, não é mais o mesmo. Durante o dia de hoje tivemos notícias de que soldados Alemães invadiram a Checoslováquia logo após o acordo assinado em 29 de setembro do ano de 1938, tratado chamado de acordo de Munique, pelos assinantes (França, Reino Unido e Alemanha), mas ouve-se na Checoslováquia como ‘A traição de Munique’. Enfim, as notícias que vêm da Europa não são nada animadoras, os políticos temem o crescimento do poderio bélico germânico, mas atônitos não fazem nada para impedí-los. Passados vinte anos da guerra que devastou a sua terra, as suas vidas, outros ditadores crescem pela força, influenciando outros, impondo-os pressão diplomática e também de aço de guerra.
A alemanhã invadiu o sudeto, a França e o Reino Unido apenas assistiram, está saltando aos olhos que um adversário poderoso move as peças do xadres a fim de conquistar algo, algo que pode ser doloroso e destrutivo se as autoridades mundiais tardarem em agir em prol de manter a paz e a justiça no mundo.”

Ouvi a todo aquele turbilhão de notícias, vários indícios de que os homens querem mais guerras, mais fome, mais nudez, mas tribulações. Meus pais nada disseram sobre o assunto, mas eu vi a tristeza em seus rostos, eles que já foram expostos a dor da guerra, meu pai serviu na primeira guerra, tomou um tiro e foi salvo pelos companheiros, mas não sei nada além disso, ele nunca conversa sobre o assunto, também nem precisa, eu posso ver em seus olhos muito do que ela representou em sua vida, as marcas que vão além da cicatriz, as marcas que estão em sua alma, quando já o vi chorando em um dia que parecia normal, dia que pra ele deve ter sido marcado por tudo o que representou aquela maldita guerra, agora de novo, será? Tudo tão diferente, mas a humanidade parece tão igual, dinheiro e poder, dinheiro pra poder ter.
(Continua)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mundo em Guerra Parte 2 - Anjo




Eu ainda não sei porque vivo nesse mundo, mas gosto da minha vida. Tenho o que preciso, e não busco com insensatez ácidas coisas que não são para o meu bem. Posso falar do meu bem também, lembro bem do dia em que a conheci, eu fui com meu pai fazer uma entrega de um armário que ficou pronto, estava bem distraído quando a ví, caminhando do por sobre um terreno repleto de flores amarelas, não sei se andava devagar ou meu coração que quase parou, logo eu que sempre duvidava das cenas românticas que via no cinema, mas os cabelos dela realmente dançavam com o vento, ela me olhava, mas não me pareceu um olhar insinuante, não pareceu que prestou tanta atenção em mim quanto eu prestei atenção naqueles olhos, azuis como um oceano, e eu quase me afoguei quando tomei um tapa na cabeça, meu pai mandando mais uma vez eu fazer o meu trabalho. Quando terminamos a entrega tive esperança, desci da casa dos Hilton e olhei pela vizinhança com esperança de vê-la novamente, não a ví por ali, mas algo pulsava dentro de mim, eu não era mais adolescente pra me apaixonar errante pela rua, a cada menina linda que me aparecia, mas essa pareceu diferente, não me esboçou sorriso quando sorri pra ela, permanesceu intácta, não pareceu me olhar, pareceu me encarar. Chegamos em casa e logo meu pai contou o ocorrido para a mãe, em pleno jantar, me pareceu estranho porque ele fingiu que não percebeu a minha cara de bobo, fiquei desconcertado. A mãe disse que gostou da idéia (?). Afinal, qual idéia? (Sabe quando os pais acham que tudo já aconteceu, quando na verdade você não fez absolutamente nada, além de olhar para um anjo na rua, é claro.) Eu acordei embriagado pelo sono, anestesiado pelo sonho, sonhei com ela, ela quem? Aquele lindo anjo que flutuava por sobre as flores.
Fui trabalhar tentando não pensar demais, mas com medo, sinceramente, não sabia nada sobre ela, somente sabia que ela não era daqui. (Daqui onde? Dessa cidade? Não, desse mundo.)
(Continua)