Cheguei em casa meio tarde naquele dia, meus pais estavam sentados com as faces péssimas, ouviam as notícias pelo rádio, que dizia:
“O mundo irmãos Americanos, não é mais o mesmo. Durante o dia de hoje tivemos notícias de que soldados Alemães invadiram a Checoslováquia logo após o acordo assinado em 29 de setembro do ano de 1938, tratado chamado de acordo de Munique, pelos assinantes (França, Reino Unido e Alemanha), mas ouve-se na Checoslováquia como ‘A traição de Munique’. Enfim, as notícias que vêm da Europa não são nada animadoras, os políticos temem o crescimento do poderio bélico germânico, mas atônitos não fazem nada para impedí-los. Passados vinte anos da guerra que devastou a sua terra, as suas vidas, outros ditadores crescem pela força, influenciando outros, impondo-os pressão diplomática e também de aço de guerra.
A alemanhã invadiu o sudeto, a França e o Reino Unido apenas assistiram, está saltando aos olhos que um adversário poderoso move as peças do xadres a fim de conquistar algo, algo que pode ser doloroso e destrutivo se as autoridades mundiais tardarem em agir em prol de manter a paz e a justiça no mundo.”
Ouvi a todo aquele turbilhão de notícias, vários indícios de que os homens querem mais guerras, mais fome, mais nudez, mas tribulações. Meus pais nada disseram sobre o assunto, mas eu vi a tristeza em seus rostos, eles que já foram expostos a dor da guerra, meu pai serviu na primeira guerra, tomou um tiro e foi salvo pelos companheiros, mas não sei nada além disso, ele nunca conversa sobre o assunto, também nem precisa, eu posso ver em seus olhos muito do que ela representou em sua vida, as marcas que vão além da cicatriz, as marcas que estão em sua alma, quando já o vi chorando em um dia que parecia normal, dia que pra ele deve ter sido marcado por tudo o que representou aquela maldita guerra, agora de novo, será? Tudo tão diferente, mas a humanidade parece tão igual, dinheiro e poder, dinheiro pra poder ter.
(Continua)