Eu viveria pra sempre se me fosse permitido, só pra te olhar dia após dia, com os olhos fitos no infinito.
Já não vejo o início das escadas, nem me lembro do dia em que me pus a subir, apenas me recordo da imensidão que avisto em cada degrau que piso, sempre um novo sol e um novo céu, azul de dia, vermelho ao entardecer. As noites são azuladas, jamais escuras porque seu olhar me ilumina, e os degraus são vencidos, um a um eles vão ao chão, futuro, presente e passou, mais um que se foi.
Viver pra sempre é bom, e se faz sentido, melhor. Porque pra sempre só devem ser as coisas boas da vida, as más deveriam ficar sempre esquecidas no degrau que se passou, porém nem sempre isso acontece. E um tropeço, buum. Vou ao chão e aos olhares. Ahh os olhares que se movem mais rapidamente que a luz, do dia ou da noite, me iluminam, meio tonto me levanto sem levantar minha fronte, olho pra frente e, se a poeira já sacudi, sigo caminhando rumo ao primeiro degrau, ao primeiro de minha frente, claro, porque não acho que se deve mirar no último. Nele mora o final e ponto. Prefiro a vasta oportunidade que o próximo me proporciona, com essa certeza eu sigo, e ouço a sua voz me chamando. Continuo subindo.