Quando as rosas não falam,
Consentimentos que se calam
Estruturas que se abalam
Aromas tristes se exalam
Rua não tem saída
Filmes não têm final
Os pássaros não migram no inferno
Anjos caem do céu para o inferno
Os astros não brilham
O vasto tornou-se pequeno e solitário
Parquinhos de crianças em calvário
As folhas secaram no outono
O trem que partiu nunca mais voltou
Aviões caíram e ninguém sentiu falta
O frio que entrou, pela janela
Apagou o fogo da lareira
Uma vida acabou cedo, ainda podia ser vivida inteira
Feliz e faceira
Agora triste, problemas mais que financeiros
Falta o brilho do sol, não importa o dinheiro.
“Devias vir, para ver os meus olhos tristonhos,
e quem sabe sonhar os meus sonhos.”
As noites são intensas,
Com intermináveis pesadelos medonhos
No rádio toca aquela canção triste
E um mundo mal que insiste
Eu, um ser fraco e imoral que facilmente desiste
Sim, existe
Uma alegria ainda contida
Um sonho de vida pela vida
Além da certeza de que preciso chorar
Navegar por mares tempestuosos
Onde monstros tenebrosos me vencem pelo medo
Tendencioso a partir desse mundo
Embora sabendo que o amor está logo ali,
E eu aqui, com o coração nas mãos
Ou em um reformatório,
Ou olhando pela janela do escritório
Um rato de laboratório que não aprendeu a amar,
Alcoolizado, com um cigarro e um copo de cachaça num bar
Um doente terminal numa mesa de cirurgia
Enquanto aquela música que insistia
E o final que fugia do fim
Naquele dia...
Meu tempo parou mas o fim não chegou
Mas sim, a lágrima secou
Mas mesmo assim...
“Devias vir, para ver os meus olhos tristonhos,
e quem sabe sonhar os meus sonhos.”