sexta-feira, 14 de maio de 2010

Lucro, por Márcio de Souza

Bom, esse fim de semana passado foi bem agitado pra mim. Tive a primeira oprtunidade de viajar sozinho a passeio na minha vida, o que me trouxe uma grande experiência, debaixo de vários aspectos que essa palavra pode nominar. Em uma delas eu tive a oportunidade de no Hotél que fiquei, conhecer uma pessoa muito interessante de Olinda, Pernanbuco, psicólogo e torcedor doente do Náutico Márcio De Souza, que além de tudo é poeta, o que tornou fácil uma amizade, uma conversa, umas risadas. Me mostrou um livro com seu trabalho, o que me deixou surpreso com a proximidade do que ele escreve com o que eu gosto de ler, então mais uma vez nos aproximamos em amizade, além de ser presenteado com o livro e uma dedicatória da amizade relâmpago e do convite pra conhecer a sua terra, o que espero em breve poder tornar possível.

Agora, sabem quando vocês lêem algo que pensam assim:

"Isso se enquadra tanto na minha vida que eu mesmo deveria ter escrito!"

Foi bem isso que eu pensei enquanto folheava o livro e me deparei com esse poema.


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Lucro

Perdi o relógio

Meu tempo já passou
Com ele também se foi a paciência
Nem um tempo ficou


Perdi a batalha
Meu exército nunca existiu
Meu combate era uma piada
Meu inimigo, um espelho.


Perdi a bússola
Não há mais norte
Nunca houve horizonte
E no céu não há azul


Perdi todos os cabelos
A beleza foi embora
Meu sorriso se trancou
Meu corpo envelheceu


Perdi o ônibus
Que sacudia operários
Mas não havia espaço pra mim
Nem na lata de sardinha ou no deserto


Perdi a razão
Mas não encontrei a loucura
E não há como sair desse impasse
Tenho que ocupar o espaço do outro


Perdi as palavras
E na caneta não há tinta
Extinguiram-se todos os adjetivos
Não há mais o que definir

Perdi tudo o que tinha
E o que tinha não era nada
Então nada aconteceu
E não perdi nada.




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