Quando eu não esperei, andava por caminhos certos e já havia aprendido de que quando se espera demais pela hora, essa hora custa a chegar, então eu não esperava. Eu simplesmente vivia em torno do meu mundo simples, cuidava da minha saúde, ligava para meus mais, falava com Deus que estava muito bem, tentava me enganar que nada faltava. É eu não esperava. Como pode tudo mudar em tão pouco tempo? Mas mudou, quando eu a vi descendo do ônibus em um dia que já havia saído da rotina, fiz questão de olhar nos seus olhos. Procurava pela verdade, procurava por algo que já havia esquecido a possibilidade de existir, mas os seus olhos eram claros, eram lindos. Não eram claros somente porque são azuis, eram claros de verdade, da verdade que sempre procurei, que sempre sonhei.
Quando eu não sonhei, dormia em camas de espinhos em lugares sombrios e sem sopro de vida. Eu desisti de sonhar, as derrotas plantam seus pés no chão e a guerra te ensina a não ter medo da morte, sim da vida. Mas aqueles olhos claros me confortaram, eu sempre faço questão de olhar no fundo, as vezes parece que não acredito que consigo mesmo enxergar aquela alma, isso me aquece, a sua força me tirou da lama, me deitou em uma macia cama, que ousadia, pra completar a minha alegria ela me diz na cara que me ama.
Quando eu não mais chorei, olhava em todas as direções como um órfão numa multidão, os olhares maus viam somente que eu vestia uma roupa suja e rasgada, que meu corpo pequeno tinha cicatrizes e feridas abertas, mas somente portas fechadas. Não tinha lar, nunca tinha visto o mar, não sabia o que era amar. Mas um dia um olhar claro me confortou, me colocou na sua casa, cuidou das minhas feridas, me deu um nome, disse que quando estou por perto seus medos somem, ela sonha comigo, disse que dormindo e acordada. Mas quando eu não esperei, não sonhei, ganhei um tesouro precioso, desse dia em diante eu nunca mais chorei.
Por um segundo a vida parou, o vento errou a direção mas logo se encontrou, o guarda da muralha descansou, o menino de rua sorriu em um lar, aprendeu a amar. O luar não pareceu tão importante, noites de chuva inundaram as nossas vidas com histórias pra contar e pra lembrar, sempre juntos, quando não juntos a vontade de juntos estar, sem pranto, só nosso canto, sem medo, pesadelo nem espanto, somente você e eu em nosso canto, agora é por esse sonho que nas noites eu sonho e canto.
adorei, amei, muuito bom amor!
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