Um menino com uma bola embaixo dos pés,
Outro com violão nos braços,
Um livro curioso nas mãos de uma menina,
Nas mãos de outra um filho de boneca,
Um será doutor,
Outro jogador da seleção,
Outro professor de educação,
A menina enfermeira,
O menino astronauta,
Basta um olhar para o futuro e tudo começa,
Um nadador dá as primeiras braçadas,
A ginasta ainda tem as mãos pequenas demais
Pra segurar na barra que é muito alta.
O eletricista desmonta o rádio do pai,
Pipas enfeitam o céu, crianças pra brincar precisam somente,
De um lugar, fica mais legal se alguma faz par, faz companhia,
Ai sim, feita a alegria.
Elas enfeitam a nossa vida com alegria, da mais pura beleza.
Um casal jovem com a moça grávida tem os olhos brilhando,
Ela tem uma energia diferente.
Os pais que não aceitaram de início, já arrumam uma casinha,
Pequena e aconchegante, família irradiante, da mais pura beleza.
Um pai chega do trabalho tarde da noite,
Em casa tem seus pequenos.
Ai sim, feita a alegria.
Feita a alegria de crianças que tem alegria,
Mas e das crianças que a desconhecem?
Desconhecem os pais,
Desconhecem os tais,
Ancestrais,
Sem nome sem rosto,
Um ferimento exposto da sociedade,
Uma dor que invade os castelos mais poderosos,
Um dos países mais ricos,
Mais belos,
Com um dos povos mais felizes,
Fecham os olhos ao seu futuro,
Joga na lama da impunidade, todo o orgulho,
Mancham a bandeira estrelada de um céu frio,
Deixa as traças e a sorte do vazio,
Um menino com um cachimbo de crack nas mãos,
Poderia ser um crack com as mãos,
Equilibrando balas, refris.
"Ai Tio, vai comprar ou não?"
Poderia ser um artista ou um doutor,
Engenheiro ou professor,
Da mais pura beleza,
Fadado ao acaso, enquanto se discute o aborto,
Mas falamos pouco de um menino que vive morto.
Sem barco e sem porto,
Vida vagando ao vento, frio e excremento.
Lamento.
Continua a discussão sobre o Builling do filho do pai, rico.
Gordinho ou de óculos apanha na escola,
Entra no carro e fecha o vidro no sinal Pra um menino que apanha da vida.
E agora, onde está a alegria?
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